domingo, 26 de janeiro de 2014

7-"Eu gosto de ti como tu gostas de mim!"

Estiquei a mão até à mesa de cabeceira, peguei no telemóvel e marquei o número da Filipa.Ela atendeu logo.
-Bom Dia!

-Bom Dia!-Disse eu.

-Ia agora sair para ir aí.

-Em vez disso podes me fazer um favor?

-Diz.

-Vais ao aeroporto e compras-me um bilhete para Roma e depois de Roma para Nápoles?

-Claro que sim!

-Obrigada! Eu vou-me vestir e vou fazer as malas enquanto me fazes esse favor.


-Sim, até já!-Desliguei a chamada e saltei da cama. Vesti-me num instante, peguei na minha pequena mala de viagem e meti algumas roupas lá dentro e outras coisas que pudesse precisar. Com as malas feitas, fui até à entrada mas quando estava a poisas as malas a campainha tocou. Abri a porta e era a Filipa.

-Bom Dia!-Disse-lhe eu, a sorrir.

-Bom Dia! Gosto de te ver assim!

-Se eu não lutar por este amor quem o vai fazer por mim?

-Ele não vai ser de certeza porque nem sabe que gostas dele.

-Eu sei que fui uma burra por não lhe ter dito nada!

-Isso agora não interessa! Despacha-te!

-Porque? A que horas é voo?

-É às 09:00, daqui a 1 hora.

-Então tenho de ir já! E o trabalho?

-Eu digo que tiveste um problema familiar.

-Fico lá dois dias!

-Sim mas agora vamos!

-Deixas-me no aeroporto?

-Sim!

Saímos de casa e 20 minutos depois estávamos no aeroporto. Despedi-me da Filipa e entrei no aeroporto.
...
Eram 13h em Itália quando aterrei no aeroporto de Nápoles. Apanhei um táxi em direcção à casa do Lorenzo. Fui dando algumas indicações para lá chegar visto que a morada certa não sabia. 10  minutos depois, o táxi já parava em frente à casa dele. Sai do táxi e retirei a minha mala.
O carro do Lorenzo estava à porta, o que me fez pensar que ele estivesse em casa mas quando olhei para o lado, vi-o a alguns metros de mim. Os nossos olhares cruzaram, ele virou costas e continuou a andar para a direcção contrária.
-Vais fugir outra vez?-Perguntei eu alto o suficiente para que ele pudesse ouvir.Ela parou ainda de costas para mim e só depois é que se virou para mim, olhando-me nos olhos. Caminhei até perto dele e parei mesmo em frente a ele.

-Não quero estragar mais as coisas.

-Podemos falar?

-Porque é que estás a complicar mais as coisas?

-Eu quero é simplificar.-Coloquei as minhas mãos na cara dele e colei os meus lábios aos dele.Quando os nossos lábios se separaram, afastei-me um pouco.-Agora já podemos falar?



















-O que é que isto quer dizer?

-Quer dizer que temos muito que falar e que tens de parar de fugir de mim.

-Vamos a minha casa então!-Caminhamos ao lado um do outro sempre em silêncio. Ele fez sinal para eu entrar e eu assim fiz. Fui até à sala onde permaneci de pé.

-Lorenzo, desculpa!

-Desculpo o que?

-Por não te ter dito o que sinto por ti na altura certa.

-Mas o que é sentes por mim?

-Eu gosto de ti como tu gostas de mim! Tu mexeste comigo desde o primeiro dia mas eu também tive medo de estragar a nossa amizade e não te disse que aquilo que sinto por ti é muito mais que amizade ou carinho, é amor. -O Lorenzo olhava-me nos olhos, via-se que não esperava nada disto.- Os dias em que estou afastada de ti, sinto que me falta algo para eu estar completa. Faltas tu! -Ele não conseguiu fazer mais do que sorrir e colocar a mão dele na minha cara para depois os nossos lábios se juntarem para um beijo calmo mas que transmitia um ao outro aquilo que estamos a sentir. 

-Não achas que já estás a abusar?-Perguntei eu, a sorrir.

-As saudades que eu tinha dessa frase!-Sorriu-me.- Mas tu chegas aqui e beijas-me assim e eu não posso?

-Claro que podes! -Desta vez fui eu que lhe roubei um beijo. Foi na noite de passagem de ano que os meus lábios tinham conhecido os dele e pareciam ter gostado tanto que agora pareciam querer permanecer colados aos dele. Separá-mos os nossos lábios e sorrimos.

-Agora não és tu que estás a abusar?-Perguntou-me ele.

-Beijaste-me na passagem de ano, agora os meus lábios só querem os teus.

-Acho muito bem!-Pôs as mãos dele à volta da minha cintura e falou-me assim bem pertinho de mim.-Ainda nem acredito nisto! Obrigado por teres vindo atrás de mim!

-Tinha de vir! Fui eu que não contei o que sentia na altura certa!

-Mas fui eu que fugi!  


-Esquece isso! Vamos aproveitar!


-Ficas até quando?


-Tenho de apanhar o avião ao fim da tarde!


-Então amanhã podes ir ver o meu jogo que é as 15H!


-Sim posso!


-Já almoçaste?


-Comi qualquer coisa pelo caminho, agora não tenho fome. 


-Então vamos passear!


-Parece-me bem!


Começamos por passear pelos jardins do Reggia di Capodimonte (Palácio Real de Capodimonte).

Depois o resto da tarde foi passada na Piazza Dante. Primeiro a passear e namorar e antes de voltarmos a casa, a lanchar.

Eram 18 h quando regressamos a casa do Lorenzo. Tinha sido uma tarde espectacular em que conseguimos aproveitar para estar juntos sem pensar que amanhã por esta hora estou a entrar no avião.
-Aqui está muito mais quentinho!

-Deixei o aquecimento ligado!Não quero que tenhas frio.

-Ou queres que tenha calor?-Perguntei tirando o casaco.

-Podes continuar a despedir!

-Espera lá! Esse teu lado ainda não conhecia!

-Qual lado?

-Doido! 

-Não conheces? Queres conhecer?-Caminhou até mim, pôs as mãos na minha cintura, puxou-me para ele e beijou-me. Foi um beijo diferente dos que já tínhamos dado, um beijo mais descontrolado que tinha desejo de mais. 
 
-Calma!-Pedi ao Lorenzo. Tínhamos ido com calma até agora, queria que continuássemos assim, nada de pressas.

-Foi só um beijo! 

-Um beijo que...se não fosse muito cedo, podia ter ido por outros caminhos.

-Foi só para te mostrar que esse outro lado que falaste, existe!

-Acredito! Mas ainda não o quero conhecer!

-Sim, vamos com calma!


Sentamo-nos no sofá e entre ver televisão, beijos e mimos,as horas passaram e estava na hora de jantar.
-Olha!

-Diz!

-Posso continuar a mostrar o meu lado romântico?

-Podes! Vamos lá ver se me surpreendes!

-Vem comigo!

-Onde?

-Conhecer o meu jardim!-Caminhamos de mão dada até uma porta que dava acesso ao jardim. Passamos a porta e o jardim era grande e lindo mas continuava sem perceber o porque de ele me ter querido mostrar o jardim agora.
-É lindo o teu jardim!

-Mas não é desse lado, é daquele!-Disse ele, apontando para o o outro lado do jardim. Do lado que eu ainda não tinha visto, estava uma mesa posta para dois. Seria ali que iríamos jantar. Cada vez gosto mais do lado romântico dele, apesar de desta vez não ter sido ele a preparar uma vez que tivemos a tarde fora.
-Nunca me fizeram estas coisas!

-Nunca?

-Não!

-Tu mereces!Apesar de não ter sido eu. 

-Quem foi?

-Foi uma ajudinha! Mas as ideias foram minhas!

-Gosto das tuas ideias!

-Vamos jantar?

-Sim!

Jantamos muito calmamente e fomos conversando sobre a nossa vida e sobre o meu trabalho. Estávamos a acabar de jantar quando o assunto que eu estava a tentar evitar veio ao de cima.
-Como é que vai ser depois?-Perguntou o Lorenzo.

-Depois do que?

-Quando amanhã fores embora.
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Olááá!!
Aqui está o 7º Capítulo!
Espero que tenham gostado!
Deixem as vossas opiniões!
Obrigada a quem se mantém desse lado e que me tem apoiado!
Beijinhos

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

6-"O Lorenzo foi-se embora."

Ele empurrou-me para ele e em poucos segundos senti os lábios dele a embaterem nos meus. Na altura não consegui pensar nem reagir, deixei que o beijo continuasse.
Não esperava isto assim tão repentinamente nem percebia como é que ele me tinha beijado depois de á pouco me ter dito que ainda gosta da ex-namorada. Muitas perguntas ecoavam na minha cabeça. Os nossos lábios separaram-se e uma expressão de arrependimento surgiu na cara do Lorenzo.
-Desculpa!-Disse ele, sem conseguir olhar-me nos olhos. Pus a minha mão na cara dele e empurrei-a, conseguindo assim que ele me olhasse nos olhos.
                                         
-O que é que isto significa?

-Não sei…não sei! Isto está uma confusão aqui dentro.

-Ainda à pouco disseste que ainda gostas da tua ex.

-Nós acabamos à pouco mais de um mês mas o que eu disse foi que o que sentia por ela já não era igual a no início. Agora apareceste tu e mudas-te muita coisa em mim, fizeste-me sorrir depois de um mês em que só tinha vontade de chorar.

-Então e isso quer dizer o que?

-Não sei! Olha eu vou-me embora!

-Para onde?

-Para Itália! Não estou a fazer nada, estou aqui só a estragar tudo e preciso de pensar.

-Assim é que estás a estragar tudo! Mas ao menos dorme cá!

-Eu vou dormir ao hotel!

-Dorme cá! Aqui ou em minha casa!

-Pronto eu fico! Desculpa isto tudo!

-Gostava que o novo ano não tivesse começado assim!

-Desculpa! E agora onde é que eu posso dormir?

-Já vais dormir?-Era ainda 00:30.

-Sim! Amanhã tenho voo cedo.

-Então depois acorda-me que eu vou contigo ao aeroporto.

-Ok!-A Filipa chegou ao pé de nós nesse momento.

-Ainda bem que apareceste! O Lorenzo pode dormir aqui em tua casa?

-Claro! Mas já?

-Sim! Ele tem voo cedo.

-Então vem comigo que eu levo-te ao quarto. Anna já venho ter contigo.- Saiu mais o Lorenzo, voltando 5 minutos depois.

-Pronto, o menino já está no quarto! Agora explica-me lá o que é que aconteceu à bocado entre vocês?

-O que é que viste?

-O Beijo.

-Então foi isso.

-Mas pelas vossas caras já percebi que não correu bem.

-Ele arrependeu-se!

-Porque?

-Não sei! Ele diz que ainda gosta da ex mas que as coisas já não estavam iguais ao inicio quando acabaram e que eu mudei muita coisa nele.

-Já pensaste que talvez ele já não gostasse mesmo da ex e que goste mesmo de ti?

-Não sei.

-Mas outra coisa: Tu gostas dele?

-Gosto!-Sabia que não valia a pena mentir à Filipa, ela percebe bem quando o faço. E era a verdade. Desde o dia em que conheci o Lorenzo que nunca mais deixei de pensar nele, apesar de no início achar e querer que isto não passasse de uma amizade, apenas 7 dias fizeram com que aquilo que sinto por ele crescesse e aumentasse de intencidade.

-E porque é que não lhe dizes isso?

-Porque eu tenho medo que ele não goste de mim e esteja só baralhado e depois estrague a amizade que estavamos a construir.

-É difícil continuar a construir uma amizade quando o amor se mete pelo meio.

-Eu sei! Mas olha vou deixar o tempo ditar o nosso destino. E amanhã logo vejo o que ele diz ou se não diz nada.

-Então faz isso! E agora vais-te deitar ou continuas aqui comigo?

-Fico mais um pouco mas depois vou-me deitar senão amanhã não consigo acordar quando o Lorenzo tiver de embora.

Estive até à 1 hora a divertir-me um pouco mas depois acabei por me ir deitar. A Filipa tinha feito uma cama para mim no sofá da sala e alí fiquei.

No Dia Seguinte…
Toda aquela noite tinha mexido comigo e fez com que eu demorasse mais a adormecer. Devia já ser perto das 2h da manhã quando eu adormeci. O acordar foi aquele que eu menos queria.
-Acorda! Acorda!-Gritava-me alguém que eu ainda não conseguia saber quem de tão ensonada que estava.

-Lorenzo?

-Não! Sou eu, a Filipa!-Sentei-me no sofá e fiquei a olhar para ela, eu estava ainda a dormir.-O Lorenzo foi-se embora.

-O Lorenzo o que? Porque é que não me acordaste?

-Quando me levantei, ele já não estava no quarto e, por isso, vim aqui mas parece que foi mesmo embora. Olha está aqui um papel em cima da mesa.-A Filipa foi buscar o papel a cima da mesa e eu tratei de lho arrancar logo da mão.

-Calma!

«Olá Anna! Quando leres este bilhete já não estou ai em casa e já devo estar no avião. Desculpa ter ido assim embora mas na minha cabeça é o melhor. Eu começo a gostar muito de ti e não quero que isso estrague a amizade que estavamos a construir. Provavelmente estou a estragar mesmo tudo mas antes agora que depois. Não te quero fazer sofrer. Se isso acontecer, desculpa. Também sei que pedir desculpa não serve de nada mas espero que assim que me passar esta confusão que vai na minha cabeça, possamos voltar  a construir a nossa amizade do zero. Beijinhos.»

-Construir a nossa amizade do zero? Antes agora que depois? Mas ele está doido só pode.

-Não lhe disseste que também gostavas dele, deu nisto! E agora?-Levantei-me do sofá, deixando cair o papel para o chão. Fui até à minha mala de onde tirei o meu telemóvel e liguei ao Lorenzo. Chamou, chamou e não atendeu.-Estas a ligar-lhe?- Voltei a ligar e o telemóvel já estava desligado.

-O que é que eu vou fazer? Nada! Esquecer que alguma vez ele passou na minha vida.

-Ele não atendeu?

-Primeiro não. A seguir estava desligado.

-Dá-lhe uns dias para ele pensar.

-Eu dou os que ele quiser. Vou-me embora!

-Vais para casa?

-Vou dar uma volta primeiro.

-Posso ir contigo?

-Não vou ser boa companhia.

-Não faz mal. Eu vou só para garantir  que não fazes nenhum disparate.

-Então vou-me vestir.-Fui até ao quarto da Filipa e vesti a roupa do dia anterior e voltei à sala.- Estou pronta! Vamos?

-Sim!

Saímos as duas sem direcção alguma. Andei, andei e andei e a Filipa sempre a meu lado, ela percebeu que eu não queria falar e, por isso, deixou-me estar. Até que de repente me puxou e me abraçou. Eu no estado em que estava deixei logo escapar algumas lágrimas.
-Tem calma! Tudo se vai resolver!

-Será que vai?

-Se ele não resolver ele, resolve tu!

-Eu não! Ele é que se foi embora sem dizer nada!

-Vá agora não penses nisso. Vamos tomar o pequeno almoço!

-Vamos lá!-Sentamo-nos na primeira esplanada que encontramos e tomamos o pequeno almoço. Depois disso, voltei a casa e a Filipa voltou para casa dela. Eu precisava  de estar sozinha, pensar nisto tudo e decidir o que fazer.

2 Dias Depois….                                                                        
Passaram-se 2 dias muito difíceis. Como estou de férias, aproveitei para ficar em casa. Muito pensei mas de pouco valeu, continuava sem saber o que fazer. Tentei ligar-lhe uma ou duas vezes em cada dia mas nunca me atendeu. Gostava de perceber o porque de ele ter ido embora assim sem se despedir, por um lado percebia já que ele pensa que eu não gosto dele da mesma maneira que ele mas a verdade é que gosto e estou a sofrer por isto.
Só com o acordar de hoje, é que tomei finalmente uma decisão. A primeira coisa que fiz foi ligar à Filipa.
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Olá!
Espero que tenham gostado de mais um capítulo da história de Anna e Lorenzo! 
Deixem as vossas opiniões!
Beijinhos!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

5-"Tu…tentaste acabar com a tua vida?"

Do outro lado da porta apareceu-me o Lorenzo, quem eu menos esperava.
-Tu aqui?-Perguntei eu.

-É assim que me recebes?-Perguntou ele.

-Que eu saiba quem está a receber és tu a mim.Boa Noite!

-Boa Noite! Entra lá!-Eu entrei e ele fechou a porta.-Mas já vi que não gostaste de me ver por aqui.

-Claro que gostei!-Dei-lhe um beijo na bochecha.-Só não estava à espera.

-Foi a tua amiga que combinou isto tudo!

-A Filipa?

-Sim! Mas ficaste mesmo contente?

-Claro que sim!

-A Filipa disse-me que isto era importante para ti…-Puxou a manga da camisa para cima e lá estava  a pulseira que eu lhe emprestei, desapertou-a e deume-a.-Por isso, devolvote-a. E muito obrigado por me a teres emprestado mesmo sendo tão importante para ti.

-Mas ela não te contou o porque pois não?

-Não!

-Ainda bem! Quero ser eu a fazê-lo!-Entretanto apareceu a Filipa.

-Boa Noite!-Disse ela.

-Boa Noite! Podias-me ter dito que o Lorenzo vinha!

-Para não vires?

-Não vinhas?-Perguntou o Lorenzo.

-Vinha! Só não te convidei eu porque pensei que ias querer passar a passagem de ano com os teus amigos.

-Tenho o ano todo para estar com eles, este ano passo contigo e com todos os que estão aqui.

-Obrigada! E ficas até quando?

-Tenho de voltar depois de amanhã.

-Então temos de aproveitar a tua estadia por aqui.

-Sim!-A Filipa afastou-se. Provavelmente estava na altura de lhe contar da importãncia da pulseira mas era um assunto que me custava ainda falar e, por isso, adiei mais algum tempo. Ainda nos divertimos mais um pouco e só duas horas depois é que ganhei coragem para lhe contar tudo.

-Podes vir comigo até lá fora?-Perguntei ao Lorenzo.

-Claro!-Fui à frente e ele seguiu-me até ao jardim. Sentei-me num banco e ele sentou-se ao meu lado.

-Acho que está na altura de te contar a história desta pulseira.-Voltei a olhar para ela, a pulseira que tinha sido do meu irmao.

-Mas se não estiveres preparada não contes.

-Mas eu quero fazê-lo!

-Então estou aqui para ouvir e para o que precisares!

-Esta pulseira foi do meu irmão mais velho.

-Tinhas mais um irmão?

-Sim com 20 anos.

-O que é que aconteceu?-Começei a recordar aquele dia, aquele dia que mudou tudo e todos. Desde esse dia que nunca mais pensei na vida da mesma maneira.

*RECORDAÇÃO ON* (13 de Novembro de 2005)
Eu tinha 16 anos, o meu irmão mais novo tinha 6 anos e o meu irmão mais velho 20 anos.
Estavamos todos de férias, era um dia em família. Tinha saido mais os meus pais e os meus dois irmãos. Tinha sido um passeio em família mas a chuva que se avizinhava fez-nos voltar ao carro e regressar a casa. O meu pai conduziu em direcção a casa, o ambiente estava animado e todos cantavamos uma música que passava na rádio mas o mais inesperado aconteceu. O meu pai perdeu o controlo do carro e depois de bater nos separadores, só me lembro de ver um camião vir na direcção do nosso carro e acabei por apagar. Acordei não sei quanto tempo depois, eu tinha apenas alguns arranhões e um pé partido que na altura não conseguia mexer. Do meu lado direito, o meu irmão mais novo chorava mas também só tinha alguna arranhões mas do meu lado esquerdo estava o meu irmão mais velho, cheio de sangue e sem qualquer reacção.
-Manooo!-Chamei eu desesperada.

-Como é que vocês estão?-Perguntou o meu pai.

-Eu e o Alex estamos bem. Mas o Chris não, ele tem ali qualquer coisa espetada de lado.- Parecia-me ser um ferro, provavelmente algo do camião.-E a mãe?

-Também ainda não acordou.

-Mãeee!!-Abanei-a um pouco mas não resultou de nada. Quando voltei a olhar para o meu irmão ele estava a abrir os olhos.

-Mannooo!!Como é que estás?-Ele tentou mexer-se mas não conseguiu. O Sangue continuava a escorrer-lhe.

-Tem calma! Já vem alguém tirar-nos daqui.

-Eu não vou aguentar!

-Não digas isso, então ainda temos muitos anos pela frente para as nossas brincadeiras e picardias.-Disse eu a sorrir ao mesmo tempo que algumas lágrimas teimosas já me corriam pela cara.

-Não temos não! Pai?

-Sim, estou aqui!

-Apesar de eu sempre não fazer o que me mandavas, quero que saibas que gosto muito de ti! E digam à mãe que também gosto muito dela, é melhor mãe do mundo! E aí do pirralho também! Porta-te bem e faz tudo o que os pais mandarem!

-Eu não sou piralho!-Disse o Alex, sem perceber o que se tava a passar.

-E tu sua chata..-virou um pouco a cabeça para mim.- toma bem conta de ti e não faças asneiras. Apesar das nossas picardias, nunca te esqueças que eu gosto muito de ti.-A voz dele estava mais arrastada e com pouca força. Puxou a manga da camisola dele e desapertou a pulseira que usa à algum tempo-Isto é para ti! Nunca a tires!-Colocou-me a pulseira e segundos depois deixou cair as mãos e a cabeça. Era o sinal que o tinha perdido para sempre.

-Nãoooo! Manooo! Por favor! Não me deixes! Preciso de ti!-Gritei desesperada. Ele sempre foi o meu maior apoio e suporte na minha vida desde os meus 10 anos. Era a ele que muitas vezes pedia conselhos, era ele que muitas vezes me ajudava nos trabalhos da escola, era com ele que eu me ria, era juntamente com ele que fazia alguns disparates às escondidas dos meus pais e como iria fazer a partir de agora sem ele? Naquele momento só pedia para ir com ele, não queria cá ficar sem ele, apesar de ter outras pessoas de quem gostava também. Naquele momento todos choravamos e a minha mãe continuava sem acordar, o que nos fazia deseperar ainda mais.

*RECORDAÇÃO OFF*
Enquanto conatava tudo isto as lágrimas foram-me correndo pela cara. O Lorenzo ouvia-me atentamente sem dizer uma única palavra. No fim de eu falar, ele limpou-me as lágrimas e ele também tinha deixado escapar algumas.
-Que história horrível. Deves ter sofrido tanto.

-Sim, bastante! E fiz algumas coisas que agora me arrependo, dai a minha vinda para Portugal.

-Tu…

-Podes perguntar.

-Tu…tentaste acabar com a tua vida?

-Sim. Tomei alguns comprimidos de uma vez com essa intenção e só estou aqui agora porque os meus pais apareceram a tempo.

-E…preferias que não tivessem aparecido?

-Na altura sim. Agora não, sei que tenho muito para viver e que o meu irmão não iria ficar nada contente por o ter feito.

-Ainda bem que nada do que tentaste resultou! Tu és uma excelente pessoa e não merecias nada pelo que passaste. E sabes que estou aqui para o que precisares.-Deu-me um abraço, era de abraços apertadinhos que eu precisava e o dele soube mesmo bem.

-Obrigada! E agora queres-me contar tu alguma coisa?

-Não sei! Mas há alguma coisa que queiras saber?

-Por acaso sim.

-Diz!

-Eu fiquei a pensar no porque de me teres agradecido no aeroporto.

-Ah isso!

-Se não quiseres contar estás à vontade.

-Não é nada de especial mas eu posso contar!

-Só estou de ouvidos!

-A última relação que tive durou 3 anos e acabou à pouco mais de um mês porque eu descobri que ela esteve comigo durante estes três anos só por interesse.

-A sério? E como é que descobriste?

-Ouvi uma conversa dela com uma amiga.

-Tu gostavas mesmo dela certo?

-Sim apesar de que já não estava a sentir o mesmo que sentia por ela no ínicio.Aos poucos isto vai passando.

-Mas…então porque o obrigado?

-Porque eu assim que terminei a relação com ela, meti na minha cabeça que as outras raparigas eram como ela e que nunca mais iria conseguir confiar em nenhuma rapariga. Mas apareceste tu! E logo no primeiro dia que te conheci, percebi que eras diferente e que podia confiar em ti!

-Sim, isso podes ter a certeza! Não sou nem nunca fui interesseira. Tanto que eu quando te conheci dei-te um pouco para trás com medo que pensasses isso de mim.

-Eu percebi! Mas eu sei que não és como a outra!
                                                   
-Meninos! Faltam 10 minutos!- Avisou a Filipa. O tempo tinha passado a voar e estava quase na hora da contagem para o novo ano. Levantamo-nos os dois e juntamo-nos ao resto do pessoal que começava a juntar-se no jardim. Esperamos ansiosos os 10 minutos que faltavam. Quando faltavam 10 segundos a contagem foi feita e no fim, a garrafa do champanhe foi aberta.

-Feliz ano para todos!-Disse a Filipa.

-Feliz ano!-Dissseram alguns. Fizemos um brinde e derrepente o Lorenzo puxou-me para uma zona mais afastada do jardim. Já se começava a ver o fogo de artificio no céu.

-Feliz ano para ti!-Disse-lhe eu mas ele nada me respondeu, olhava para mim nos olhos e muito sério. No segundo seguinte pôs a mão no fundo das minhas costas, fazendo pressão e empurrou-me para ele, seguindo-se algo que eu não esperava.
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Olá a todas!
Espero que tenham gostado!
E que deixem os vossos comentários, eles são mesmo muito importantes para eu saber o que estão a achar do desenrolar da história! 
Obrigada a quem se mantém desse lado!
Beijinhos!