quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

17-"Apaixonado? Mas ele só me viu uma vez."

-Eu não te conheço?-Perguntei-lhe.

-Pois, eu também acho que te conheço.-Respondeu o Roberto.

-Já sei! Foi quando foste a Lisboa.-Ele depressa ficou envergonhado, o que percebi pela cor vermelha da cara dele.

-Não contes.

-Então? Conta lá!-Pediu o Lorenzo.

-Pronto, eu conto. Lembras-te quando eu fui a Lisboa, o ano passado?-Perguntou o Roberto ao irmão.

-Sim.

-Eu perdi-me.

*RECORDAÇÃO ON*
-Desculpe pode ajudar-me? Por favor, ajude-me!-Disse uma pessoa que me abordou quando eu estava a sair de casa. Falava Italiano, muito depressa e parecia estar em pânico.

-Tenha calma! O que é que precisa?

-Fala Italiano! Finalmente!-Pareceu-me um pouco mais calmo.

-Sim falo. Diz-me o que precisas!

-Preciso de ajuda para ir para o aeroporto!


-Táxi?


-Sim!-Esperámos por um táxi e fui com ele até ao aeroporto. Lá esperei até perceber que ele ficava bem entregue e que não se voltava a perder.

*RECORDAÇÃO OFF*

-Não imaginas a cara de pânico dele...-O Lorenzo começou a rir-se mas o Roberto não estava a achar piada.

-És mesmo parvo! 

-Parvo que conheceu a tua namorada primeiro que tu!

-Vamos almoçar?-Perguntou o Lorenzo, mudando de assunto. O ambiente parecia ter ficado estranho e depressa nos encaminhámos para o carro e fomos para o restaurante.

Almoçamos muito calmamente entre algumas brincadeiras e conversas que me permitiram conhecer melhor o Roberto e perceber como era a relação entre ele e o Lorenzo. Mas apesar de tudo ele continuava estranho. Aproveitei que o Roberto foi à casa de banho para perceber o que se passava.
-O que é que tens? Estás estranho.

-Nada.


-Nada?Desde que eu contei a história do teu irmão, ficaste estranho.


-É que...


-Afinal há alguma coisa!


-Eu sabia dessa história de ele se ter perdido, o meu irmão contou-me não porque tinha sido giro perder-se mas sim porque estava apaixonado pela rapariga que o tinha ajudado.


-Apaixonado? Mas ele só me viu uma vez.


-E voltou a ver aqui em Itália passado uns meses.


-Tu estás com ciúmes Lorenzo?


-Não mas...


-Achas que ainda não lhe passou?


-Não sei.-Nesse momento o Roberto voltou.

-Claro que já.

-O que é que já?-Perguntou o Roberto.

-Que já te passou a paixoneta que tinhas por mim.

-Anna!-O Lorenzo reclamou logo comigo.O Roberto via-se que não esperava que eu já soubesse e depressa a face dele ficou vermelha.

-Não precisas de ficar vermelho Roberto.-Ele ficou ainda mais vermelho e começou a levantar-se.-Calma! Vais embora?

-Sim, não íamos embora?

-Não era preciso tanta pressa mas sim podemos ir.

-Vocês não se incomodem, eu saio. Vocês fiquem a conversar.-Disse o Lorenzo, levantando-se.

-Tem calma Lorenzo!

-Espero lá fora!-Disse sem esperar e saindo do restaurante.

-Que ciumento e teimoso, o teu irmão!

-Não há razão para ele ter ciúmes!

-Não mesmo?

-O que?

-Não eu! Já não gostas de mim pois não?

-Não. Gosto como cunhada. Eu tenho namorada.

-O teu irmão sabe disso?

-Não sabe que assumi uma relação com ela.

-Acho melhor contares-lhe.

-Sim, vou fazer isso.

-Vamos?

-Sim.-Levantámo-nos e saímos. O Lorenzo esperava por nós junto ao carro.

-Primeiro que tudo...tira essa cara de ciumento!-Coloquei as minhas duas mãos na cara dele e beijei-o. Ele continuava sério.-Segundo...já conversámos. Terceiro...ele tem umas coisas para te contar. E quarto...tira essa cara, não tens razões para esses ciúmes!

-O que é que tens para me contar?-Perguntou o Lorenzo ao Roberto.

-Lembras-te de eu te ter falado daquela rapariga com quem andava a sair?

-Sim.

-Nós assumimos uma relação. 

-A sério? Não sabia.

-A sério! E é mesmo sério.

-Num estado normal, o teu irmão ficaria feliz mas no estado ciumento que estava ficou super feliz! Nunca na vida dele imaginou que o irmão dizer que tinha uma namorada, o deixaria num estado de felicidade tão grande.-O Lorenzo estava sério mas depressa se começou a rir, contagiando-nos.

Algumas Horas Depois...
Aquela tarde tinha sido passada a passear e com muitas brincadeiras. Ao fim do dia, o Lorenzo levou o Roberto a casa mas antes deixou-me na praia, tal como eu lhe tinha pedido.
Tinha uma surpresa a preparar para o Lorenzo mas quando lá cheguei estava praticamente tudo pronto e restava-me esperar por ele, o que aconteceu 15 minutos depois.
-Ana?-Perguntou por mim, o Lorenzo assim que pisou o areal da praia.

-Aqui!-Eu estava sentada na extremidade de uma pequena ponte de madeira que se estendia até à agua. Acenei-lhe, ele sorriu e caminhou até mim.-Já te passou os ciúmes?

-Sim. Desculpa.

-Não faz mal. Mas não tinhas razões para isso.

 -Eu sei. Mas eu gosto muito de ti e tenho medo de te perder.

-Não tenhas! Eu também gosto muito de ti e só te quero a ti ao meu lado!-Ele abraçou-me e beijou-me, de seguida.

-E isto tudo?-Perguntou olhando à volta para tudo o que eu tinha preparado.

-Olha ali...ups...é o símbolo do nosso amor. O mar está a apagar mas mais nada nem ninguém poderá apagar o nosso amor!-Ele puxou-me para ele e uniu os lábios dele aos meus para um beijo demorado mas calmo.

-E ali...é onde vamos jantar hoje!-Ele sorriu e beijou-me.Caminhámos até esse local onde jantámos calmamente.

No fim do jantar, começou a ficar frio e regressámos a casa. Foi numa troca de beijos que entrámos em casa e nos dirigimos para o quarto de hóspedes. Antes de nos entregarmos um ao outro e termos mais uma noite de muito amor só nossa , partilhámos uma fotografia nas redes sociais.
"Mais unidos que nunca!"
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Olá a Todas!
E este foi o 17º Capítulo, com alguns ciúmes mas também muito amor!
Gostaram? Espero que sim!
Fico a aguardar as vossas opiniões que são muito importantes para mim!
Beijinhos,
Sofia

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

16-"...também eu tenho uma história triste como a tua"

-Não te cheira a queimado?

-Sim, deve ser das velas. Devem estar a derreter.-Respondi, puxando-o para mim. Mas ele afastou-me para se levantar. Assim que se levantou fez uma cara de assustado.

-Que foi?

-Isto....está a arder! Isto está a arder! Ajuda-me!-As palavras custaram a sair-lhe da boca mas quando falou saiu tudo de repente e ele não se mexia.

-Vou chamar os bombeiros!-Respondi levantando-me rapidamente.

-Isso não! Está um extintor no corredor.-Um extintor? A nossa roupa já tinha ardido, o fogo estava a estender-se para o fundo da cama e depressa passaria para outras coisas do quarto e ele queria usar um extintor? E o que é que fazia ele pegado ao chão sem se mexer? Mas acabei por fazer o que ele pediu. Fui a correr e voltei a correr.

-Aqui tens! Mostra lá que sabes apagar fogos!-Ele não reagiu, não disse nada. Tive de ser eu. As chamas tinham acalmado e depressa consegui apagar o fogo.-Lorenzo? Lorenzo? O que é que se passa contigo?

-Nada.-Aquele nada saiu baixinho e ele parecia distante. Aproximei-me dele e peguei nas mãos dele que tremiam.-Estás bem?

-Sim. Secalhar é melhor irmos jantar fora.

-Foi a cama e não a cozinha que ardeu mas sim podemos.-Vestimo-nos em silêncio mas a verdade é que ele não estava bem. Notava-se no olhar que parecia muito distante e via-se que estava bastante pensativo.

Assim que chegámos ao restaurante sentámo-nos à mesa. O Lorenzo escolheu uma mais escondida. Ele continuava calado e eu preocupada. Fizemos os nossos pedidos e o silêncio voltou a instalar-se.
-O que é que se passa? O que é que se passou? 

-Nada.

-Nada? Tu parecias um daqueles bonecos do jogo do sims...quando há incêndios e não se mexem do mesmo sitio. 

-Não se passa nada. Calhou, já chega deste assunto.

-Então queres falar do que? Do facto de não teres aberto mais a boca desde ai? 

-Foi um dia complicado.

-Vou fingir que acredito nisso mas vou continuar preocupada.

-Não fiques. Em casa falamos, pode ser?

-Sim pode.

O jantar acabou por decorrer com alguma normalidade e lá fui conseguindo que o Lorenzo fosse falando durante o jantar. Regressámos logo a casa onde nos dirigimos para a sala. 
-Queres falar agora?

-Importas-te que vá só à casa de banho?

-Não, claro que não.-Ele saiu e eu fiquei sentada no sofá a pensar no que se estaria a passar. Ele demorava e quando eu pensava ir ver onde é que ele estava, ele voltou.-Ia para ir ter contigo, demoraste.

-Desculpa a demora.-Olhei-o nos olhos e não tive qualquer dúvida que algo se passava. Os olhos dele mostravam isso, ele tinha estado a  chorar.

-Lorenzo...tu estiveste a chorar. -Aproximei-me dele e o que fazer? Não sabia o que se passava e a única coisa que fiz foi abraçá-lo.

-Isto custa tanto. Obrigado.-Segurei na mão dele e puxei-o até ao sofá.

-Queres falar?

-Sabes...nós só estamos juntos à dois meses mas já te conheço muito bem e sei que algo se passa. E espero que saibas que acima de tudo, tens aqui uma amiga.

-Eu sei.

-Se preferires não falar, eu percebo.

-Lembras-te quando me contaste, na passagem de ano, da história do teu irmão que faleceu?

-Sim...

-Eu na altura preferi contar uma história minha verdadeira e simples mas, principalmente, que não mexesse comigo. Mas....também eu tenho uma história triste como a tua.-A admiração percebia-se pela minha cara, tinha-me passado pela cabeça tudo menos aquilo.

-Como a minha?

-Sim. Eu tenho mais três irmãos: o Marco, o Roberto e o António. Mas havia mais um, o Manu.

-O que é que aconteceu?

-O Manu tinha um ano quando morreu. Eu tinha 7 e a culpa foi toda minha. 

-Não digas isso. 

-Digo. É a verdade. Nunca me vou conseguir perdoar por isso.-As lágrimas escorriam-lhe pela cara, a ele e a mim. Todo aquele sofrimento dele, a dor da perda me fazia lembrar o meu irmão também.

*RECORDAÇÃO ON (Lorenzo)*
Era uma manhã de Inverno, daquelas geladas em que estar quente é quase uma tarefa impossível. Os nossos pais tinham saído para trabalhar. O Roberto (4 anos) e o Marco (3 anos) tinham ido para a escola. Eu estava em casa com o António (10 anos) e o meu irmão Manu que estava doente. Éramos todos muito novos mas o meu irmão mais velho já ficava muitas vezes encarregue de cuidar de nós e fazer o almoço, como era o caso de hoje.
-Lorenzo vou só comprar umas coisas para o almoço, dás um olho no mano?-Perguntou-me o António.

-Sim.-Ele saiu e eu fui logo para o quarto do Manu ver como ele estava. Toquei-lhe e estava gelado, provavelmente teria febre. Tapeio-o com mais uma manta mas nada de aquecer. Querendo ajudar e aquecê-lo, a única ideia que tive foi ligar o aquecedor que estava no quarto. Foi a pior decisão que alguma vez podia ter tomado, deu-se um pequeno curto circuito e de seguida uma grande chama que se estendeu ao berço do Manu. Não sei o que se passou comigo naquele momento, sei que bloqueei por momentos e só voltei a mim já com o António ao meu lado.

-Manuuuu!!!-Ele correu pelo quarto a dentro e tirou-o do berço. Ele tinha pequenas chamas na roupa, partes do corpo com queimaduras e os seus olhos fechados.-Chama uma ambulância!- Desta vez consegui agir rapidamente.

Assim que a ambulância chegou, colocaram-lhe logo uma máscara de oxigénio mas minutos depois as piores notícias chegaram. Ele tinha morrido devido a uma grande inalação de fumo e pelas queimaduras graves. 
Por vezes queremos ajudar e fazer o melhor mas só prejudicamos.
*RECORDAÇÃO OFF*

Assim que acabou de contar o que se tinha passado, ele chorava. Abracei-o novamente e limpei-lhe as lágrimas.
-Agora percebo a tua reacção à pouco. Mas não tens de te sentir culpado, foi um acidente e tu só querias ajudar.

-Acidente? Eu podia ter ficado sossegado mas...

-Mas querias ajudar.

-Durante muitos anos, o meu irmão odiou-me e os meus pais culpavam-me da morte dele.

-Eles deviam era ter estado ao teu lado.

-Talvez tenha sido a dor da perda. Só 5 anos depois é que me desculparam e tentaram fazer ver que tinha sido um acidente.

-E foi. Não quero imaginar o que tu com 7 anos e durante cinco anos passaste sozinho.

-Talvez os piores anos da minha vida. Cinco anos que me passaram ao lado, não conseguia ser uma criança normal com todo o peso da morte dele.

-Ainda não me perdoei a mim mesmo mas tento sempre mentalizar-me que foi um acidente.

-Desculpa eu ter insistido tanto contigo à bocado e ter gozado por teres bloqueado naquele momento, agora entendo tudo.

-Não tens de pedir desculpa, não sabias de nada.

-Como é que a relação com os teus pais e os teus irmãos?

-Com os outros sempre foi boa. Eles eram muito pequenos, sabem do que se passou mas nunca me acusaram de nada. Com o António tem vindo a melhorar cada vez mais. Com os meus pais é uma relação normal mas não sou de todo o filho preferido, acho que eles nunca vão perdoar-me verdadeiramente.

-Secalhar já perdoaram, esquecer é que é muito difícil. Impossível mesmo. Mas com o tempo tudo melhora, eu também estou aqui para quando fores abaixo.

-Obrigado mi amor.-Disse dando-me um beijo curto. Encostei a minha cabeça no peito dele.

-Quando é que conheço os teus irmãos?

-Quando quiseres. Tem é que ser com um de cada vez que com aqueles três é difícil encontrá-los todos juntos.

-Que me dizes de almoçarmos com um deles amanhã?

-Olha parece-me bem!-Ele ligou ao irmão e depressa combinaram tudo.-Então olha é assim...amanhã tenho treino, vocês vão lá ter e depois vamos almoçar, pode ser?

-Sim pode. Como é que vamos fazer agora com a cama?

-Tenho o outro quarto.

-E eu a pensar que ia dormir aqui neste pequeno sofá, agarrada a ti.

-Também podes dormir agarrada a mim mas na cama que eu não quero acordar com umas dores nas costas.

-Convenceste-me.-Trocamos um beijo e fomos até ao quarto. Ainda era cedo mas o Lorenzo queria descansar.

No Dia Seguinte...
O Lorenzo saiu cedo para o treino e eu ainda fiquei na cama. Só meia hora depois é que sai e me comecei a a arranjar.
Era 12h30 quando cheguei ao centro de treino e já encontrei o Lorenzo com o irmão.


-Bom Dia!-Qual não foi o meu quando reconheci aquela cara de algum lado, não sabia bem de onde.


-Bem, Roberto esta é a Anna, a minha namorada. Anna este é o Roberto, o meu irmão.-Cumprimentei-o com dois beijinhos e ficamos a olhar um para o outro.- A olharem dessa maneira um para o outro, acho que fico sem namorada num instante.

-Eu não te conheço?-Perguntei-lhe.

-Pois, eu também acho que te conheço.-Respondeu o Roberto.
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Olá a Todas!
Primeiro capítulo do ano! Espero que tenham gostado!
Fico à espera dos vossos comentários!
E muito obrigada a quem se mantém desse lado!
Beijinhos,
Sofia